segunda, 16 de setembro / 2024

Em visita ao Campus, o Prof. Dr. Pe. Luís Henrique Eloy e Silva realizou a Celebração com a comunidade acadêmica no Centro de Espiritualidade Jesus Peregrino

 

O Prof. Dr. Pe. Luís Henrique Eloy e Silva, Reitor da PUC Minas, esteve em visita ao Campus Poços de Caldas nesta terça-feira (10), quando realizou a Celebração Eucarística no Centro de Espiritualidade Jesus Peregrino. Na homilia, a partir do Evangelho da liturgia do dia (Lc 6, 12-19), que relata a subida de Jesus à montanha, onde Ele passou toda a noite em oração a Deus para depois, ao amanhecer, descer à planície e escolher os seus apóstolos, o Reitor recordou o simbolismo bíblico de subir à montanha como imagem da conexão com Deus e, consequentemente, do recolhimento para um momento de oração e de repouso. A topografia da montanha, em sua plasticidade, recorda a imagem do ser humano, que, com os pés na realidade cotidiana da planície, é chamado a erguer-se em direção ao alto, ao transcendente, ao céu.

Pe. Luís Henrique também mencionou como o ritmo social, cultural e mesmo pessoal, presente na contemporaneidade, revela empecilhos que dificultam cada vez mais a vivência de momentos de “subida à montanha” para uma autêntica experiência de repouso e de reconexão com a interioridade mais profunda. Destacou, ainda, como a nossa sociedade, chamada de ‘Sociedade do Cansaço’, marcada pela aceleração, pelo estresse, pela desiquilibrada conexão com as redes sociais, e menos com as pessoas nos relacionamentos pessoais, está desbussolada. Fazendo referência ao Evangelho, o Reitor destacou que Jesus passou uma noite inteira em oração; Ele não se deixava vencer pela ansiedade, pela pressa, sobretudo, quando o tempo requeria d’Ele o tempo do discernimento por meio do qual gestava a maturidade do pensar e do agir. Jesus passou horas na montanha, em oração. E essas horas representam a maturação do ato que Ele está para cumprir. Por isso mesmo, os santos da Igreja, páginas vivas do Evangelho, nos ensinam que as pessoas sábias e prudentes tomam decisões depois de terem realizado um tempo de discernimento, concluiu.

A utilização dos dispositivos digitais e a constância quase inegociável e necessária de conexão com esses recursos implicam um desvio sobre a percepção e a utilização de nosso tempo. Recordou que isso gera um vínculo mental e emocional com um mundo que, muitas vezes, não é o nosso, mas idealizado ou forjado lentamente pelos algoritmos que nos conduzem e nos viciam a navegar sem rumo certo. E quando nos damos conta, não investimos tempo, mas perdemos tempo.

A partir dessa ideia, o Reitor fez uma relevante diferenciação entre o tempo perdido e o tempo investido, considerando a dinâmica do tempo que passa, independentemente se o vivenciamos bem ou mal. Quando o tempo é vivido na consciência do seu sentido, ele passa a ser tempo investido e, por isso mesmo, traz algum valor, algum crescimento. Já o tempo perdido é aquele que nunca foi nosso, apesar de o conceito ‘perdido’ em relação a algo indicar a necessidade de um dia esse algo ter sido possuído. Pe. Luís Henrique frisou que o tempo perdido deixa rastos de vazio e, dessa forma, perdido fica o sujeito em um tempo que não foi realmente seu.

Conforme o Reitor, vivemos em uma era da fragmentação: saberes fragmentados, olhares fragmentados e, o mais grave, pessoas fragmentadas. Nesse momento, Pe. Luís Henrique recorreu à analogia de um vaso quebrado para retratar esse cenário. O vaso que foi quebrado pode ser recomposto, mas nem sempre isso é possível. Quando alguém, à semelhança de um vaso, passa pela experiência da fragmentação, o trabalho de recomposição nem sempre é tão bem-sucedido. Dessa forma, empregar tempo para distanciar-se dos afazeres e dedicar-se à oração e ao silêncio pode se tornar momento privilegiado, não somente de discernimento e de repouso interior, mas particularmente de recomposição de olhares, de sentimentos, de propósitos de vida.

Ao final da homilia, o Reitor destacou que também a celebração da Eucaristia deve se tornar um tempo privilegiado de repouso, de reconexão com o Sagrado, com o verdadeiro sentido da vida, consigo próprio e com o próximo.


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